A quarta revolução industrial: isso importa?

ARTIGO

Escrito por Eric Dudeck


A situação atual

Se você se encontrar andando pelo chão de quase 8 mil metros quadrados da fábrica de facilidades de produção da FANUC em Oshino, Japão, pode sentir uma inquietação com a reclusão que encontrar. Em meio à onda de atividades que ocorrem contra o tempo para produzir máquinas CNC e robôs industriais, irá encontrar constantemente a instalação composta por apenas quatro funcionários humanos. Você pode até achar o isolamento estimulante, afinal, poderia gastar fortunas procurando por níveis similares de solidão em resorts de ilhas remotas. Entretanto, seu zelo por essas férias provavelmente irá diminuir de alguma forma quando descobrir que grande parte das operações de fabricação da FANUC são realizadas sem luz, e muitas vezes, até sem calor ou ar condicionado funcionando para controlar a temperatura.

Embora a FANUC não seja a única em sua capacidade de executar partes de suas operações constantemente sem supervisão, ela é icônica em sua utilização de máquinas CNC e robôs que produz em seu próprio processo de fabricação. Trazendo-nos um gigante passo mais próximo da grande escala e tecnologia auto replicante. O impacto desta evolução tecnológica se torna mais evidente a cada ano – o custo da automação de precisão está caindo. A automação de ponta não é mais encontrada exclusivamente entre as vastas extensões de linhas de montagem automotiva ou entre as 500 companhias de lojas bem financiadas da Fortune. Cada vez mais, encontra-se tal tecnologia em uma garagem suburbana, o único ativo físico de uma nova startup.

À medida que os custos de entrada continuam a cair, a indústria manufatureira viu uma onda de pequenas e variadas empresas de produção, bem preparadas para competir em pequena escala nos mercados locais. Até mesmo o valor em economias de escala começou a cair, com pequenas lojas formando cooperativas, comprando bens diretamente de fornecedores, fazendo sua própria fabricação trivial e minimizando os custos de distribuição. Embora a maioria dessas pequenas empresas, consideradas individualmente, não representem uma ameaça imediata às grandes indústrias, a proliferação deste modelo de negócios pode levar à morte por mil cortes para as empresas que são incapazes de se adaptar a essas tendências. Na verdade, qualquer pessoa atenta pode identificar rapidamente uma variedade de tendências indicando que as empresas mais bem-sucedidas já começaram a se adaptar à situação emergente da Fabricação Digital.

A natureza mutante do capital humano

Uma tendência notável é a redução constante dos esforços de offshoring. Antes, as grandes corporações viam o offshoring como um mal necessário, uma forma de capitalizar os custos de mão-de-obra reduzidos das nações em desenvolvimento, enquanto servem a uma base de clientes globais. Contudo, a sabedoria mais contemporânea começou a repensar este paradigma. Os executivos estão cansados de perder visibilidade e controle sobre sua cadeia de suprimentos, e os acionistas estão cada vez mais avessos ao risco de escândalo resultantes de demissões internas, exploração de mão-de-obra por empreiteiros e instabilidade política em regiões em desenvolvimento. Além disso, muitas grandes empresas descobriram que os esforços de offshoring, muitas vezes, permitiram a sua concorrência. À medida que o conhecimento do processo e os aprimoramentos de infraestrutura se desenvolvem no exterior, as marcas estrangeiras mais baratas inevitavelmente surgem para competir com as atuais empresas do mercado dominante. À medida que o custo da mão-de-obra estrangeira aumenta e o custo da automação cai, os fabricantes estão cada vez menos inclinados a buscar a redução de custos por meio do envio de empregos no exterior.

Como alternativa menos arriscada à busca de redução dos custos trabalhistas, muitas empresas buscaram reduções nos custos de transporte e melhorias no rendimento por homem-hora. Um exemplo desta tática é visto na mais nova instalação de produção construída pela fábrica de sabão Method, construída no bairro de Pullman ao sul de Chicago. A Method escolheu este local por sua proximidade com os centros de distribuição ferroviários e se beneficiou adicionalmente do capital inestimável de Relações Públicas, resultante da oferta de empregos em uma área extremamente necessitada. Além disso, seus esforços de automação permitiram-lhes produzir quase 4 milhões de galões de produtos de sabão líquido com apenas 15 trabalhadores por turno. Em um mercado lotado, com pouca ou nenhuma tecnologia proprietária no produto, a facilidade de produção doméstica da Method posicionou-os para competir efetivamente com gigantes como Procter & Gamble e Colgate-Palmolive.

Fabricação em nuvem

Enquanto algumas empresas de produção tornaram-se menos inclinadas a buscar crescentes reduções nominais em custos de mão-de-obra, outras tentaram relançar o molde de seus ativos de manufatura em um modelo mais distribuído, vendo sua rede global de fábricas como forma de servir mais efetivamente os mercados locais. No passado, as fábricas offshore se concentraram normalmente em produzir uma única família de produtos o mais rápido possível, a qual seria distribuída em vários mercados ao redor do mundo. Isso tinha a vantagem de permitir que as empresas centralizassem os esforços de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) no mercado interno, implantassem melhorias de forma incremental e se beneficiassem de um baixo custo de produção por peça. Hoje, no entanto, as empresas com uma carteira de produtos mais diversificada estão muitas vezes distribuindo as tarefas de produção de forma mais uniforme entre as fábricas, envolvendo-se com mais fornecedores locais e transportando menos bens através das fronteiras. Além da economia em custos de transporte, este modelo oferece uma série de benefícios significativos. As fábricas podem competir mais efetivamente com a pequena concorrência local, oferecendo variações de produtos ajustadas às demandas de seus mercados. A agilidade da empresa é melhorada pela distribuição de responsabilidades de construção de relacionamento nos mercados locais. Quando problemas de abastecimento ou desastres naturais afetam uma região, recursos de mercados vizinhos podem ser mobilizados para temporariamente aliviar o impacto. Os aperfeiçoamentos dos processos tendem a acelerar, já que cada fábrica funciona como um banco de teste para aprimoramentos incrementais. O sucesso desses novos modelos de negócios está mudando a própria natureza da globalização, e se desenvolvimentos semelhantes na tecnologia da informação são uma indicação, isso é apenas o começo.

Pesquisadores da Georgia Tech levaram este conceito para um outro nível, propondo um modelo de negócios que eles chamam de Cloud-Based Design and Manufacturing (CBDM). Este modelo, inspirado no modelo de Software as a Service (SaaS) da computação em nuvem, procura construir um modelo de Infrastructure as a Service (IaaS), em que os ativos de produção são divididos em agrupamentos de serviços ao produtor que buscam atender com maior eficiência as necessidades de um grupo de exigências de consumidores. O consumidor, neste caso, não se refere ao cliente final, mas sim às demandas de recursos institucionais. Os recursos são divididos em leves recursos intangíveis (conhecimento, habilidade, experiência, rede de negócios, software, etc.) e recursos tangíveis (equipamentos, materiais, armazenamento, transporte, etc.). Toda atividade de fabricação pode ser destilada em uma lista de recursos exigidos e pode ser sistematicamente emparelhada com o produtor mais apropriado desse recurso. A capacidade de consumir eficientemente recursos geograficamente distribuídos é altamente melhorada através do uso de inovações tecnológicas contemporâneas, incluindo colaboração social baseada em nuvem, tecnologia de simulação de plantas e integração de sistemas de plantas multiníveis, desde automação de equipamentos até desenvolvimento de produtos e planejamento de recursos. Este modelo também aplica técnicas contemporâneas da metodologia Agile para facilitar a comunicação entre marketing, vendas, desenvolvimento e produção. Incentivar o planejamento e execução incremental e iterativa, e tomada de decisão de mudança de um método adaptativo para um preditivo.

Conclusão

Estes são apenas alguns exemplos dos primeiros efeitos da quarta revolução industrial que já está acontecendo no cenário da fabricação. Mas que efeitos ainda estão por vir? Como nossa economia funcionará daqui a 20 anos? As respostas a essas perguntas exigem muita especulação, e mesmo os mais perspicazes entre nós só conseguem imaginar como os futuros eventos e os avanços tecnológicos moldarão nosso destino. O melhor que qualquer um de nós pode fazer é observar as tendências atuais e nos posicionar para reagir o mais rápido possível a mudanças inevitáveis.

Na fabricação, as empresas estão fazendo uma variedade de coisas para assegurar a preparação de suas organizações para a mudança que está vindo:

  • Fortalecer os sistemas de TI para melhorar a velocidade e o valor contextual dos dados de todos os níveis da instituição.
  • Procurar sistematicamente e avaliar regularmente novas tecnologias de automação.
  • Sincronizar motivações e esforços de vendas, marketing, desenvolvimento e produção.
  • Reforço da versatilidade e adaptabilidade de unidades autônomas e auto-organizadas dentro da organização.

Todas essas precauções parecem se concentrar, com motivo, no desenvolvimento da informação e na flexibilidade da reação. É improvável que o ritmo de inovação, ruptura e evolução de hoje em dia desacelere. À medida que avançarmos para o futuro, será cada vez mais difícil para as empresas ficarem à frente em todos os aspectos. O melhor que podemos esperar é estar um passo à frente em alguns aspectos, e não muito atrás em outros. A tecnologia moderna está tão frequentemente agregada na natureza, para realmente perceber os benefícios da inovação do futuro, que é preciso ter uma base sólida na infraestrutura de hoje. Se a sua empresa ainda não empreendeu um esforço combinado para a futura comprovação de sua posição, o mercado não vai perdoar esse descuido.


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